segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A UFPR, QUEM DIRIA, FOI DAR EM PETÉTICA


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O petismo arraigado em certos setores da UFPR transformou a universidade em um "cavaleio de triste figura".


Diz o provérbio: quem sabe faz, quem não sabe ensina. Já quem não sabe e não ensina vira professor de Educação Física. E quem é incapaz de fazer qualquer uma dessas coisas, ocupa uma cadeira de Ciência Política em universidade pública. De preferência no Paraná.


Talvez seja um engano deste escriba, mas como explicar que professores doutores considerem digno de “compartilhamento infinito” um artigo de um certo NPTO ou C3PO – a sigla me escapa.


Publicado em um blog de nome “Na Prática a Teoria É Outra” de um cientista político (aposto que é professor), o texto discorre sobre a reportagem de capa da revista “Veja” da semana passada (“O Partido do Polvo”).


Li os argumentos até onde me foi possível. A certa altura, no entanto, o tal C3PO achou melhor despejar impropérios e, no meu entender, quem usa desse expediente, não merece o croissant que come.


Adianto, desde já, que o tal androide não se furta em anunciar-se petista, apesar de informar que há muito não frequenta as reuniões. Mas se dá o direito de ver na extensa lista de denúncias contra o governo Lula, dois “deslizes”: o que trata da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e o da gastança dos cartões corporativos. O mensalão, apesar da denúncia acatada pelo STF, é considerado sem embasamento pelo douto.


No caso de Francenildo, vale reproduzir trecho do seu comentário: “A violação do caseiro, sim, foi abuso de poder. Nesse caso, sem dúvida, nos comportamos de maneira torpe”. O nós não é uma falha casual. O androide petista e raivoso inclui-se no grupo de lacaios governistas, que apressaram-se, à época do escândalo, a apagar o incêndio com o ma(u)car(a)tismo que cabe a todo militante da legenda. Remunerado ou não.


Soa irônico e, ao mesmo tempo, revelador que C3PO espante-se ao ver a foto e uma declaração do sociólogo Demétrio Magnoli em “Veja”. Daí sua altercação: “Porra, Magnoli, você está enterrando a carreira, e duvido que esteja ganhando tão bem para isso.” Cabe a pergunta: por quê? O C3PO está? Hmmmm. Ato falho.


Cá entre nós, um artigo como este deveria receber o mesmo tratamento que Dorothy Parker dava aos livros que era obrigada a resenhar para a “New Yorker”: o arremesso a longa, longa distância.


Mas se vai ao longe. Outro professor da Universidade Federal do Paraná, também saído das hostes sociológicas, julgou supimpa o artigo do uspiano Renato Janine Ribeiro, publicado na Folha de S. Paulo em 8 de setembro. Nele, Ribeiro relevava a quebra de sigilo fiscal dos tucanos e a colocava na vala comum das centenas de declarações de renda violadas no órgão federal da Receita, em Mauá (SP), e das milhares vendidas em discos na Rua 25 de Março, também na capital paulista.


Pior, Ribeiro, escreveu este artigo no mesmo dia em que a Folha incluía mais um tucano no rol de violados: o genro de Serra e marido de Verônica, também vítima do alopramento petista. Ribeiro não citou, mas o método, neste caso e no de Verônica foi uma procuração apresentada na Receita com pelo menos seis falsificações grosseiras.


O uspiano, que foi diretor de Avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), de 2004 a 2008, portanto no governo Lula, entendeu que a “exploração política do caso era exagerada.”


Fez mais. Desmereceu o petista autor do golpe. Atente para a declaração do professor ao melhor estilo “Óleo de Peroba”: “Nada nele demonstra estilo petista, embora tenha aderido ao PT logo após a vitória de Lula – adesão que, pelo visto, não levou a nada.” Por quê? Deveria levar a alguma coisa. Claro que o douto professor referia-se ao possível reconhecimento pecuniário por parte da legenda ao lúmpen-petista. O que não ocorreu.


Elio Gaspari, na mesma edição da Folha, desmascara o contador Antonio Carlos Atella – este o nome do petista sem prestígio – ao lembrar que, num primeiro momento, ele negou pertencer a qualquer partido. “Tenho nojo de política”. Uma mentira deslavada. Atella era filiado ao PT de Mauá desde 20 de outubro de 2003 e pertence a uma família de fundadores do partido no município.


O fraudador consumou seu ataque em 30 de setembro de 2009. Cinco meses antes, no pequeno município de Formiga (MG), o analista tributário Gilberto Souza Amarante, funcionário da Receita Federal, entrou na base cadastral de Eduardo Jorge Caldas Pereira. Amarante também é petista. Assinou a ficha em 2001, mas alegou , em sua defesa, que procurava um homônimo. Conversa para boy dormir.


Óbvio que os professores de Ciência Política e Sociologia da UFPR estão pouco se lixando para os acontecimentos. A essa altura, a paixão política se sobrepôs ao cientificismo que eles tanto advogam. E como escrevem mal. Um conselho a C3PO, caso seja um membro ilustre da Universidade Federal: por favor, matricule-se, com ligeireza, em um curso de redação. Ficar nos vitupérios e nas frases mal construídas é chato, cri-cri e pernilongo.


Mas há também outros dois colegas (e fãs) do androide petista que sempre se aventuram na imprensa. Um deles se meteu a escrever sobre “nepotismo”, quando o assunto estava na pauta, e conseguiu reunir um miserê de ideias sem pé nem cabeça.


Outro foi convocado a colaborar regularmente para um jornal de Curitiba durante as eleições – e nesta parece que foi defenestrado. O resultado é constrangedor. Mirem no livro “O Ser e o Nada”, de Jean Paul Sartre, e considerem apenas a parte do “Nada”. Assim o conjunto de artigos do douto poderia ser nomeado.


Volto ao C3PO, pelo caráter risível de seu artigo. Em certo trecho, acima dos xingamentos, ele encasqueta com o termo “feromônios” utilizado por “Veja” para afirmar que os petistas se conhecem pelo cheiro. Ok, parece um termo mal colocado, mas trata-se da memória olfativa do repórter da revista, provavelmente lembrando-se daqueles tempos em que os petistas ostentavam a estrelinha e espalhavam no ar o odor de chinelo de couro fedido, incenso de almíscar, marijuana e calcinha suja – não necessariamente nessa ordem.


Claro que nada disso é mais realidade. Provavelmente alguns desses petistas hospedam-se, com assiduidade, em hotéis cinco estrelas e bebem do melhor vinho. Os demais rumaram para outras legendas ou exilaram-se no lumpensinato.


Não imagino o Professor Xavier (eis um epíteto jocoso, mas apropriado), um dos mestres da pós-graduação em Sociologia Política da UFPR, agarrando-se, com fé canina e hidrofóbica, a um partido, tal como seus colegas acadêmicos.


Talvez ele também veja no “projeto” anunciado por José Dirceu, a soma de todos os medos. Se o PT terá mais poder do que Dilma Rousseff no governo, prepare-se. Ainda mais porque o fisiologismo estará à solta. O partido reunirá, sob seu guarda-chuva, uma gama de siglas que vão do PP de Paulo Maluf ao PCdoB de Aldo Rebelo. Mais: inclua-se no grande caldeirão as centrais sindicais, o MST e a UNE, todos transformados em agências do governo, financiados com dinheiro público e já devidamente aparelhados, assim como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES.


Do outro lado, uma oposição anêmica e em vias de se extinguir, com o DEM puxando a fila. Cabe a questão: qual o rumo do governo Dilma? Ninguém sabe. Há que se lembrar que ela apresentou ao TSE um programa de governo “heavy metal” no início da manhã, e outro “Danúbio Azul” no fim do dia.


E quanto ao PSDB, irá sobreviver? Em termos. O partido foi incapaz de organizar uma oposição sistemática ao governo Lula, durante oito anos, e quando deveria morder, preferiu assoprar.


Talvez a demissão da ministra da Casa Civil da Mãe Joana, Erenice Guerra, sirva para recarregar as baterias do tucanato e fazer com que, por osmose, o pleito siga para o segundo turno. A depender dos professores da UFPR, no entanto, o melhor é que o resultado seja consumado e eles possam, assim, flanar nos blogs, risonhos e sacudidos.


Não à toa, a Universidade Federal do Paraná será sempre um cavaleiro de triste figura.




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